Eu avisei: A bolha da Educação Superior no Brasil EXPLODIU!

Há algum tempo eu venho dizendo que a “compra de diplomas em prestações” que vinha sendo praticada largamente cobraria um preço amargo no futuro. A hora de pagar o preço pela mercantilização do Diploma chegou. E a conta é amarga!

[Época Negócios]

Há anos eu venho denunciando incansavelmente este acordo sujo e medíocre que foi feito com o intuito de lucrar com mentiras e falsas promessas aos nossos jovens. Publiquei um artigo intitulado “Um Exército de Doutores Desempregados” que fala com muita propriedade sobre o tema. 

Parece que as pessoas começaram a se dar conta de que “título não paga aluguel” [G1] [BBC]


Parece que a hora do acerto de contas chegou!

Trabalhos fáceis, falta de obrigatoriedade de leitura e escrita acadêmicas, “jeitinhos” para ajudar o aluno a passar, coordenadores que desautorizam os professores para não prejudicar a “nota do MEC” que a Instituição tem… Na prática, isso é VENDER DIPLOMA, e é o que mais tem no mercado. E as empresas SABEM DISSO muito bem!

Primeiro vamos entender como se mercantiliza a educação, transformando diplomas em simples tickets de acesso aos processos seletivos, com valor cada vez menor:

  • O processo de seleção por competência era complicado há alguns anos. E caro: era preciso verificar, na prática, se o sujeito sabia fazer o que dizia que sabia. E algumas vezes, demorava até arrumar alguém que – de fato – soubesse fazer o que era preciso, e tivesse a atitude adequada. Fazer seleção de pessoal NUNCA foi simples.
  • Como a tarefa era complicada, algumas empresas decidiram “subir a régua” e contratar pessoas com nível técnico. Essas pessoas tinham mais capacidade de “entrega de valor” e se pagavam com certa facilidade, trazendo lucro com mais rapidez e facilitando a seleção. Funcionou por um tempo. 
Cuidado com os “Especialistas”…
  • Como os cursos técnicos começaram a proliferar com muita velocidade – nem sempre acompanhada de qualidade – as empresas decidiram, novamente, “subir a régua” e exigir das pessoas o nível de educação superior. Há duas ou três décadas atrás, pagava-se MUITO BEM por profissionais com nível superior, pois eles eram, de fato, PREPARADOS para o trabalho. A Educação ainda estava muito longe do atual estado de sucateamento e a oferta era pouca, o que aumentava significativamente os salários
  • “Especialistas” começaram então a “alertar” a sociedade de que quem não fizesse o curso A ou B ficaria “fora do mercado de trabalho”. Esses “especialistas” são, geralmente, profissionais de RH que aceitam ser pagos para plantar matérias que induzem as pessoas a fazer o que eles “sugerem”, sob pena de perderem sua empregabilidade
  • Com isso, começou a demanda desenfreada por cursos superiores, nas mais diversas áreas, para permitir que essas pessoas “tivessem acesso ao mercado de trabalho”. Acontece que as Leis da Economia são LEIS NATURAIS: não há como manipular essas leis e nem ignorar seus efeitos. Quando um recurso é escasso, ele é valioso. Quando é abundante, é barato, ou gratuito. E assim, chegamos ao ponto em que estamos hoje.

Hoje, temos mais de 15% dos brasileiros com curso superior completo. Isso DEVERIA ser ótimo. Mas o Diabo mora nos detalhes: de que adianta uma população que tem nível superior mas não lê, não escreve, não sabe interpretar texto, não consegue seguir instruções com grau de complexidade mais sofisticado ou simplesmente fazer uma pesquisa no Google? 
Em 2016, a Universidade Católica de Brasília conduziu uma pesquisa ampla na qual descobriu que “… mais de 50% dos cerca de 800 universitários avaliados sofrem com o analfabetismo funcional, ou seja, não conseguem compreender o que leem.” (Foram avaliados universitários de 6 cursos diferentes em 4 faculdades.) [UCB]

MAIS DA METADE!!!

Formados, mas estúpidos. No que permitimos que nossas Universidades se transformassem?

38% dos estudantes do ensino superior são ANALFABETOS! [IPEA]

Alguns outros estudos apontam para um número de 22% de analfabetismo funcional entre os graduados e outros ainda apontam para “[…] dependendo do conceito de analfabetismo funcional com o qual se opera, os resultados podem ser bem mais dramáticos…” afirma o Prof. Afonso Celso Tanus Galvão, da Universidade Católica de Brasília. [Gazeta]

Ainda segundo pesquisa do INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional), de 2017, 38% dos estudantes do ensino superior não dominam habilidades básicas de leitura e escrita. Na prática, são analfabetos. Não sabem interpretar textos com grau mediano de complexidade ou explicar de forma adequada o que lêem. Esse são os “portadores de diplomas” que chegam ao mercado. Dá pra entender as razões da desvalorização do nível superior?

Diploma Mills (Fábricas de Diplomas): Instituições que estão mais interessadas no número de alunos em sala, economizar no salário dos professores, demitindo os bem qualificados e mais experientes para dar lugar aos mais novos – e mais baratos, do que prover uma educação exigente e de qualidade. Conhece alguma instituição assim?

Em 2018, pesquisam sustentaram que, no que diz respeito à população em geral, 3 em cada 10 pessoas são funcionalmente analfabetas. Como é possível gerar riqueza e renda dessa forma? [Estadão Educação] [Veja Educação

Desde 2016 (na verdade, desde antes), pode-se notar que os formados não conseguem emprego em suas áreas: “[…] um bom exemplo é o setor de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Apesar da fatia expressiva, apenas 4,9% dos trabalhadores com graduação eram administradores de empresa. Outros 9,4% eram assistentes ou auxiliares administrativos, função que nem sempre exige faculdade.” [BBC]

O número de brasileiros que concluíram o ensino superior e estão trabalhando fora de sua área de atuação aumentou neste ano.

Durante pelo menos duas décadas, mercado, Instituições e alunos fizeram um pacto silencioso: Empresas exigem diplomas que não provam nada, para facilitar processos seletivos que não provam nada, apenas para que Instituições de Ensino possam continuar tendo consumidores fiéis para um produto que só as Instituições de Ensino podem fornecer: O Diploma, pago pelo aluno em suaves prestações. A Universidade FINGE que forma, o aluno FINGE que aprende e o mercado FINGE que acredita. Mas o acordo já se tornou insustentável! No mundo TODO!


Não… Não é só no Brasil que a desvalorização do Diploma está ocorrendo: é no MUNDO TODO [Industry Week]


Entre os jovens (entre 24 e 35 anos), esse grupo teve acréscimo de seis pontos porcentuais e já representa 44,2% do total de formados. Se consideradas todas as idades, a parcela é de 38%, o maior patamar desde o início da série histórica, em 2012. O levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra ainda que, além de não estarem empregados em suas áreas de formação, profissionais mais qualificados não estão sendo remunerados como esperavam. Eles ganham 74% menos do que o diploma permitiria, uma vez que exercem atualmente trabalhos que requerem menor qualificação do que a escolaridade adquirida.

O estudo do instituto, “A evolução da população ocupada com nível superior” foi feito com base nos dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Segundo a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Maria Andrea Lameiras, o estudo mostra que a economia brasileira ainda não consegue gerar postos de trabalho compatíveis com o aumento da escolaridade da população:

Hoje temos uma população ocupada cada vez mais escolarizada, um momento forte no número dos que têm diploma universitário, mas um terço não consegue emprego compatível.”

– Maria Andreia Lameiras, IPEA

“A economia não está conseguindo gerar emprego de nível superior”, afirmou Maria Andreia, uma das responsáveis pelo trabalho. “Ao mesmo tempo, a população está mais escolarizada, o que é positivo. A gente agora tem de começar a criar emprego com perfil adequado para essa escolarização.”

Mais diplomas e certificados não fazem a menor diferença num país onde um funcionário custa 2x o que recebe de salário!

Diplomas e certificados não são sinônimo de produtividade. E o que paga salário é produção, não diplomas!

Recentemente, o Ricardo Amorim postou em seu Linkedin uma informação chocante e frustrante: para produzir o mesmo que UM ÚNICO TRABALHADOR AMERICANO são necessários 4 trabalhadores brasileiros. Some essa informação ao fato de que o ambiente empreendedor lá é muito mais amistoso para quem quer gerar riquezas (diferente do Brasil, onde o empregador é tratado como marginal pelo Governo, ganancioso pelos empregados e previamente culpado pela Justiça do Trabalho) e ao fato de que o custo de produção lá é muito mais baixo e você perceberá que a “bolha do diploma” estava com seus dias contados. Agora, você vai ter que começar a se contentar com o salário que MERECE, ao invés de ser pago com base num papel que nem sempre – na verdade, quase nunca – significa competência ou produtividade.

“Para produzir a mesma coisa que um trabalhador americano produz sozinho são necessários 4 brasileiros. Para melhorar a renda dos brasileiros, precisamos reverter este quadro. Para isso, temos de melhorar a educação, investir em tecnologia e eliminar burocracias” 

– Ricardo Amorim [Linkedin]
Amigo, entenda: o que paga seu salário é PRODUÇÃO! Se você produz pouco, ganha pouco. Seja você empregado ou empresário!

Na Indústria 4.0 o que conta é o que você PRODUZ!

– Jornal da Globo

Ou mudamos o cenário, ou a coisa vai piorar! MUITO!

Perceba que estamos falando de uma população de 209,3 milhões de pessoas, das quais 15% – ou seja: 31.39 milhões de pessoas – num país que, no ano passado (2017) fechou quase 21 MILHÕES DE EMPREGOS FORMAIS [G1 Economia]. Como é que a gente equaliza essa conta? Mais gente formada, menos emprego. Resultado ÓBVIO: gente formada, pós-graduada, incapaz de produzir por deficiências acadêmicas crônicas e aceitando o emprego que aparecer! Alguém tem dúvidas disso?

Mas, olha só: alguns setores ABRIRAM VAGAS! Sabem quais foram?  Comércio (+40.087 empregos) e Serviços (+36.945 empregos)! Aí, quando eu falo para meus alunos que saber vender é GARANTIA de sustento, eles torcem o nariz. E continuam desempregados e sendo sustentados pelos pais ou pelos cônjuges.

E isso tudo considerando que pouco mais de 15% dos brasileiros tem Ensino Superior Completo. Imagina o que estaria acontecendo se uma maior quantidade de pessoas – 30%, digamos – tivesse Ensino Superior?
Ah, a gente perde alguns no processo… Mas quem está contando… (É assim que o reitor da sua Universidade e seus acionistas pensa… Não se engane! )

Há Vagas?

Segundo a técnica do IPEA, com a crise econômica iniciada no final de 2014, diminuiu o número dos que conseguem cargo compatível com a escolarização e, consequentemente, eles tiram as vagas de quem não tem graduação. Isso faz absolutamente todo o sentido, já que se eu posso pagar R$1200,00 para um atendente de loja com nível superior – o que garante, pelo menos, alguns anos adicionais de escolaridade – por que vou pagar estes mesmos R$1200,00 para alguém que só tem o ensino médio, ou nem isso?

“Hoje tenho uma gama grande de trabalhadores universitários que acabam tendo que desempenhar funções de escolaridade média ou até de escolaridade fundamental, porque não há emprego compatível com a graduação dele”.

– Maria Andreia Lameiras, IPEA

E isso impacta os salários, obviamente: A diferença salarial entre a população de nível superior ocupada em cargo compatível e a que exerce função abaixo de sua qualificação também aumentou no período. Em 2012, a diferença era de 46% e no terceiro trimestre de 2018 subiu para 74%.

“Ou seja, um trabalhador que tem um diploma e uma função compatível ganha 5.700 reais. E um trabalhador que também tem um diploma superior, mas que não tem emprego compatível, está ganhando R$ 3.200 reais.”

– Maria Andreia Lameiras, IPEA


Mercado de trabalho

“Do final de 2014 para setembro de 2018 houve piora nos indicadores econômicos e no ano passado os números estabilizaram num patamar ruim.” O mercado de trabalho é o último a entrar na crise e o último a retomar. Em 2015 a economia estava muito mal, mas o mercado de trabalho não. Quando a crise chega no mercado de trabalho piora tudo, o que ocorreu no final de 2015 para 2016. Quando os outros setores da economia voltam, demora a refletir no mercado de trabalho”.

– Maria Andreia Lameira, IPEA

O Ipea destaca que o nível de desemprego ainda está muito alto, assim como o desalento, ou seja, pessoas sem ocupação que não procuraram trabalho, que está em 4,37 milhões de brasileiros, um aumento de 10,6% em relação ao mesmo período de 2017. Isso corresponde a 2,7% da população em idade ativa. O número de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 2,9% e o de trabalhadores por conta própria subiu 5,2% no trimestre.

A expectativa dos pesquisadores do IPEA para 2019 é de melhora no mercado de trabalho, mas para isso é necessário crescimento econômico mais forte. (Agência Brasil)

“E aí? O que fazer a partir de agora? Largo a faculdade, a pós, o Mestrado?…”

Como professor, eu digo que é importante estudar! PONTO! E se você já está fazendo faculdade, pós, Mestrado… Keep Walking! Keep Reading! Não adianta chutar o pau da barraca e largar tudo pra virar vendedor da Hinode (às vezes até adianta… rsrs)

Mas, é FUNDAMENTAL que você não confie apenas no diploma ou no certificado. ELES NÃO VALEM MAIS NADA! O que vai fazer a diferença é a FORMA COMO VOCÊ SE VENDE NO MERCADO, os cursos extracurriculares que faz, os livros que lê, os eventos que frequenta e seu Networking. Sem isso, você é SÓ MAIS UM, e será pago como tal. Isso, se arrumar emprego.

Leitura: aprenda a ler na tela do seu celular, usando ebooks em FORMATO “.EPUB” (tenta, antes de falar que não gosta, ok?) que são perfeitamente adaptados para telas pequenas e que garante legibilidade perfeita. Outra dica é “compre um Kindle”. A tela é IGUAL papel. Sem tirar nem por. O importante é LER. Leitura enriquece o vocabulário, ajuda na articulação de ideias e melhora a capacidade argumentativa e crítica. 

Cursos Extras: O nome do jogo é UDEMY! Existem MILHÕES de cursos na Udemy, que ensinam a fazer milhares de coisas. Os cursos tem uma qualidade incrível. Eu aprendi a fazer sites no Udemy e hoje ganho dinheiro com isso. Se eu faço APENAS DOIS SITES NO MÊS já garanto TODAS AS CONTAS PAGAS! Sem patrão, sem horário e trabalhando onde e quando eu quiser. Bom, não?

Networking: Quem não é visto, não é lembrado. Pare de gastar seu tempo no Facebook e invista em criar uma rede de relacionamentos profissionais de qualidade no Linkedin. Hoje em dia, o Linkedin é uma das maiores redes de relacionamentos profissionais do mundo e permite que você estabeleça autoridade em seu segmento de mercado, demonstrando competências e atraindo os olhares de potenciais sócios, clientes e empregadores. Quando foi a última vez que você postou algo RELEVANTE no Linkedin? Quando foi a última vez que participou de uma discussão produtiva num grupo? Hoje, para ser relevante é preciso ter conteúdo. E o Linkedin é um lugar excelente para este conteúdo ser exposto. Pense nisso!

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